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ESTAMOS NO AR!


A Revista Contempo estreia nesse abril de 2020 com o compromisso de circular a poesia brasileira contemporânea. Por acreditar nas revistas e periódicos, digitais ou impressos, como espaços democráticos para a promoção da literatura, temos o prazer de fazer o convite para que originais sejam enviados de acordo com as diretrizes descritas aqui. Vamos juntos!

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Marina Magalhães | três poemas

Prelúdios do afogamento. Para violino. Por fim, quando deixarás de alimentar os teus naufrágios? Me perguntaste sem saber que tripulação alguma deseja a própria morte. Nada podem fazer se a carcaça, já tão cheia de buracos, continua       sempre            a afundar.                   A marcha                   fúnebre faz                   glub.                   glub.                   g                   l                   u                   b. *********** Amor de prateleira Os dias vêm sobrando, transbordadas as horas pelo vidro. Tempo deixado em conserva é salgado demais p...

Francielle Villaça | três poemas

Alongamento A dor nos encurrala para o presente ************ Exercitar o conformismo mesmo que por um instante, ou melhor: ainda que por um instante sobretudo por mais um instante. Não, não atenuaremos o confronto: o conformismo nos atenta ao instante pouco a pouco até que os ossos estalem. ************ O freio de emergência habita alguma extremidade Tudo que é radical é, imanentemente, radical demais. Porque não há raiz sem mergulho. Porque ir até a raiz exige destreza, perícia, coragem. Raiz: palavra aguda. Palavra que destrona qualquer ilusão de fincar vida na superfície. Enraizar é um trabalho árduo. Mas, que em sua essência aguda, não vê outra possibilidade se não fincar. Fincar. Fincar em solo firme, fértil, mas nunca estável. Encurralados, a saída está na profundidade do nosso mergulho. ************* Francielle Villaça tem 20 anos, nasceu e mora em Vila Velha, no Espírito Santo. Atualmente cursa Letras - Português, na Universidade Federal do Espírito ...

Ma Njanu | três poemas

dois graus menos que ontem é hoje imagino a sequela da chuva passada uma cova adentrando a vala rasa e mais outra e outra o barro dissolvido à espreita: qualquer sonata vela teu corpo a vala o velho a vespa o vírus abraça a terra, seu sol gira em torno de nós gato não pega rato também não nem mosca nem madeira papéis escritório as grandes corporações o banco só nós - [antropo]centro do mundo agora no entanto, é certa a miséria: aporta no Meireles e vai morrer na Barra. *********** a queda do céu ao inferno [dedicado ao humanismo, e os avanços nem tão queridos da modernidade] quebrou a máquina, desnecessário é viajar no tempo se em cada mão cabe cinco ossos para cada pessoa não enterrada. ********** o desaparecimento dos bichos é a modernidade a galinha vai pro abate eu consciente de sua morte, acaricio sua crista e digo: vai ficar tudo bem muitos cheiros entre dialetos macia é a pelagem sou carinhosa, sempre canto seu corpo e não me delicio nas suas coxas depois de prosseguir...