sereno envelhece
a terra de mim
estandarte há aqui
e não deveria
é de branco que fazia
genocídio de xamã
bíblicos versículos
gerando ira em tupã
girando mira
na fé de si
tira tirania
que atira sangue
vermelha o verde
da bandeira
(esse símbolo
que nem é daqui)
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sussurro
a mata me clama
quando te clamo
vento queima no
vaga-lume que sou
quando
suo em ti
a mata me chama
quando te chamo
ilya descobre nela
e faísca em mim
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jazida
folhas secas minam
as presas dos felinos
nas caças florestais
terra, fome, ais
mira que não some
das favelas sociais
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fuga
gorila batendo
em peito de diamante
troca a pele
corta o instante
repele o pó de
vidro distante
porque o caco de dentro
perdeu-se nos dedos
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cicatriz
uma escrava chora no tronco:
chibatada utópica do regresso
grosso, morto, oco, tão eco
como o grito em alvoroço
do tigre que não cessa
no fundo do poço
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Engenheira de ilusões, natural de João Pessoa - PB, professora de língua portuguesa e revisora textual, Jennifer Trajano é autora de "Latíbulos" (Editora Escaleras, 2019).
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